quarta-feira, 21 de maio de 2008

CAMADA DE LIXO


Nem sempre ser sujo é mau!

A lixeira de Maputo fala. E fala mais alto do que as vozes que gritam no nada. Fala aos olhos de quem pode ver. Fala nos estratos da sua composição em poesia fina. Calam-nos os altos molhos de lixo, que escondem a história, como pude ver. História fresca, ainda na máquina de fazer. Lá bem no alto do monte alto do lixo está o UNDER! É lá que vive a linha ténue entre a dignidade e a necessidade de viver. Vou explicar! Optas por morrer a fome com orgulho ou viver na linha sem orgulho! Na verdade tudo que está para além da questão ” viver ou não viver” é nada. Nem o direito a vida, nem o direito a saúde, nem o direito a viver longe do que me obriga a estar na linha. E venho parar aqui, na linha, entre o que sei e o que não sei, dia ou noite, o que interessa é não morrer.

Mesmo assim, aqui, esperando não sei quem, divago nas minhas limitações e lá na utopia se insinua tímido um pão, um chá, um sabonete cheiroso, e a minha vida. Enquanto ela não chega, me mantenho com lixo!

Mas não que o lixo tenha problemas, aliás, aqui tem soluções, por isso estou aqui. As inconstâncias dos investimentos energéticos é que podem me custar o pão! Se quem quiser não quiser, tenho que querer mudar de investimento e inventar outra solução do lixo! Cientista esfomeado! Eu sou o invento! Não tenho idade… sou eu … e preciso comer.

Não sofro, porque lixo por lixo a diferença entre o meu emprego e o de qualquer outro é o objecto de trabalho!

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