sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

analfabetismo arquitectónico



A nossa condição de país de terceiro mundo convence à maior parte de nós da nossa pobreza criativa. Poucos para além dos estudantes da nossa faculdade de Arquitectura (UEM-FAPF) têm conhecimento de nomes como o de Pancho Guedes cujas obras dão um carácter particular à Cidade de Maputo. E acreditem, há quem nos venha visitar tendo como atracção "O Leão que ri" ou "O Dragão". Quem lá vive não compreende o valor do património e vai deturpando estas formas mesmo ao estilo moçambicano (envidraçar a varanda para aumentar os quartos, partir as paredes para abrir janelas com uma regra geral que é pintar a porção de paredes exteriores que encerram cada flat com a cor que a cada um convier).

E o nosso complexo de inferioridade como africanos contribui para aumentar o analfabetismo arquitectónico.
Falar de de Guedes e Forjaz pode parecer distante da nossa realidade por fazerem parte do meio urbano.
Mas são realidades da cultura arquitectónica no Niassa de decorar mais ricamente as portas do que qualquer outro elemento da casa ou mesmo aquelas portas de entrada típicas do Ibo , Ilha de Moçambique e outras ilhas da região que são elegantemente aplicadas por um famoso mestre!

Foto extraída do Livro "Ibo - a casa e o tempo" do dr. Arqt.º Júlio Carrilho. Publicações UEM-FAPF. (disponível pra consulta junto a biblioteca/arquivos da faculdade)

2 comentários:

O diário do Angoleiro Africano disse...

Analfabetismo - que se refere a falata de instrução básica; Analfabeto - aquele que não tem instrução básica.
Arquitectura - arte de equilibrar recursos, condições decorrentes da posição geográfica como clima, altitude solar (azimute), para obter de forma sustentável uma forma, uma função e estática.

em miúdos, é uma arte que só é bem conseguida quando os pontos mais fortes são considerados no acto de projectação.

Poucos são os que tem a Capacidade de jogá-los, dentro de uma localidade tão rica e mista como é Moçambique.

Decifrar o código do traço do Moçambicano é como tentar achar o ponto a linha comum entre as cores de uma mesma capulana. Elas podem ser iguais mas por pertencerem a posições diferentes são distintas.

Todo povo tem uma história, e toda história uma motivação. E é lá onde moram os traços e a verdade de um povo.

E la mora tb a chave para criar futuro local com tecnologia Global.

E como o Mundo é cada vez mais global, visão Global, Dinheiro Global, Material Global, Solução globalizadas, todo a engenharia local é um atraso á integração ao Global.

Este analfabetismo é geral. Uma confusão na economia, na cultura, no sistema governativo, na arquitectura, em todo lado se quer pertencer superficialmente á um primeiro mundo ilusório de imagens de metas de "parecer que", parecer que temos eleições, parecer que podemos ter estradas de alcatrão, parecer que entendemos que cidade é cimento, parecer que somos Drs. de Oxford com Mont Blanc no bolso e Armani no corpo, num país tropical e riqueza de opções. O Estilo Internacional.

Alfabetizemo-nos de verdade.

Tenho dito!

Anônimo disse...

"complexo de inferioridade como africanos "?????

que complexo é esse?


bem...quanto ao resto dvo concordar. é triste ver o analfabetismo arquitectonico a nivel africano.

so devo acrescentar, que uma cultura nao é somente o que foi, mas o que esta para ser. nos fazemos a cultura, e ela nao é estatica.

por isso cabe-nos a nós, de criar meios de afalbetiação arquitectonica, e como o isaac disse,de todas outras ciencias e artes tb.


;)
SOLOK